Um corpo. um corpo vertical ou estendido é sempre uma chama: aquece e ilumina. Um corpo respira, abre-se ao Sol, floresce na noite. Quando fala, queixa-se de ser tão frágil e tão só. Mais raramente, diz uma palavra de alegria. É breve a sua duração, muito breve - quase só o tempo de um suspiro. Mas é belo aquele esplendor. Não há nada mais belo. Da sua existência deixa às vezes uns sinais. De inquietação, de plenitude. O mais efémero dos seres tem sede de eternidade, quero eu dizer: de outro corpo. A eternidade é isto - e não há outra. Há vidas, e não das menos patéticas, que são uma longa e só hesitação. Consomem-se sem arder.
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