O diletantismo de Fradique Mendes:
“De sorte que dele bem se pode dizer que foi o devoto de todas as religiões, o partidário de todos os partidos, o discípulo de todas as filosofias — cometa errando através das ideias, embebendo-se convictamente nelas, de cada uma bebendo um acréscimo de substância, mas em cada uma deixando alguma coisa do calor e da energia do seu movimento pensante. Aqueles que imperfeitamente o conheciam classificavam Fradique como um diletante. […]
O diletante, com efeito, corre entre as ideias e os factos como as borboletas correm entre as flores, para pousar, retomar logo o voo estouvado, encontrando nessa fugidia mutabilidade o deleite supremo.
Fradique, porém, ia como a abelha, de cada planta pacientemente extraindo o seu mel: — quero dizer, de cada opinião recolhendo essa «parcela de verdade» que cada uma invariavelmente contém, desde que homens, depois de outros homens, a tenham fomentado com interesse ou paixão.”
A Correspondência de Fradique Mendes, Eça de Queirós
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